Para lá do Paraná: arqueologia no estado do Mato Grosso do Sul

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Espaço Arqueologia realiza avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico no município de Campo Grande

O Estado do Mato Grosso do Sul já sediou, em suas diferentes regiões, importantes projetos de arqueologia que, em geral, tinham como objetivo a construção de um panorama histórico de longa-duração do processo de ocupação humana desde os primeiros caçadores-coletores até as populações que ainda se fazem presente no território sul-mato-grossense.

Destaca-se, nesta breve nota, os estudos realizados pela equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas (Unisinos/RS) na região do Alto Sucuriú, onde, em meio a savana, nos abrigos rochosos de paredes decoradas com pinturas lineares e abstratas em cor vermelha, foram encontrados vestígios arqueológicos que denotam um processo de ocupação iniciado há mais de 10 mil anos. Os contextos em que tais vestígios são encontrados, são compostos por instrumentos líticos lascados associados à grande quantidade de carvão.

O Projeto Corumbá, também desenvolvido pela equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas, merece igual destaque. Realizado no Pantanal sul-mato-grossense, este projeto proveu informações que demonstram que, há pelo menos 8 mil anos, as populações humanas daquela região têm, nos recursos oriundos do meio aquático, sua principal fonte de subsistência. Também pode ser documentada, nesse projeto, a sofisticação da cerâmica decorada encontrada em assentamentos densos, constituídos às margens das grandes lagoas por volta de 2,5 mil anos atrás; e a beleza dos grafismos rupestres, gravados em lajedos sob a forma de círculos, pisadas e extensos sulcos.

De grande relevância, também, são os projetos que vêm sendo desenvolvidos pela equipe do MuArq (UFMS) na bacia do Alto Paraná ao longo dos últimos 25 anos. Nestes, mais de 300 sítios arqueológicos foram mapeados na margem direita do rio Paraná, dos quais, cerca de 45 foram escavados e permitiram a construção de um panorama de ocupação para esta região que, assim como a região do Alto Sucuriú, tem suas primeiras ocupações há mais de 10 mil anos com os grupos caçadores-coletores e, aproximadamente 1,5 mil anos passa a ser ocupada, predominantemente, por populações ceramistas, em específico, pelos falantes de línguas do tronco Tupi-guarani.

Os programas de investigação citados – e outros não mencionados, mas igualmente importantes – permitiram esboçar um panorama ocupacional para o atual território do Estado do Mato Grosso do Sul em seu período pré-colonial, contudo, mais do que isso, demonstram que há muito para ser pesquisado e um vasto patrimônio arqueológico para ser descoberto.

Assim, com o intuito de contribuir para a constituição do conhecimento arqueológico do Mato Grosso do Sul e, ao mesmo tempo, auxiliar na gestão desse vasto patrimônio arqueológico, a Espaço Arqueologia desenvolveu ao longo do mês de junho de 2019 estudos arqueológicos em áreas que serão destinadas à instalação de empreendimentos imobiliários no município de Campo Grande, capital sul-mato-grossense.

Os empreendimentos, denominados Loteamento Praça dos Poderes (Fase 1 e Fase 2), Barra Bonita, Jardim e Prosa, serão instalados na região nordeste da malha urbana de Campo Grande, em áreas que, até o momento, não foram identificados vestígios arqueológicos.

Nas áreas dos referidos loteamentos, foram realizados caminhamentos e escavações de poços-teste amostrais, a fim de verificar a existência de vestígios na superfície ou em profundidade; e, como resultado, nenhum material ou local de interesse arqueológico foi identificado nas poligonais de delimitação dos empreendimentos.

Apesar de não terem sido identificados vestígios arqueológicos nas áreas estudadas, estas apresentam alto potencial arqueológico, tornando necessária a execução de programas de investigação preventiva como estes.

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