Pesquisa revela conjunto de sítios arqueológicos no vale do rio Marrecas

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Estudos aconteceram em Prudentópolis e Turvo, no Paraná.

Com um longo histórico, o início desta pesquisa nos leva para 2005, quando foram realizados os primeiros estudos na área, sendo registrados cinco sítios arqueológicos de tipologia cerâmica. Em 2021, foi dado seguimento aos estudos na área, com o início do programa de monitoramento arqueológico das obras de instalação de um empreendimento do setor hidrelétrico, resultando na identificação de um conjunto de mais dez sítios arqueológicos.

Os sítios arqueológicos encontrados são líticos, cerâmicos e uma mistura dos dois, chamados litocerâmicos. Paulatinamente, conforme eram registrados, esses sítios foram objeto de resgate arqueológico. Nas escavações e coletas de superfície que ocorreram nas áreas dos sítios, aproximadamente 2500 bens arqueológicos móveis foram identificados, constituídos por instrumentos elaborados em pedra lascada e polida (denominados instrumentos líticos), como cortadores, raspadores, furadores, núcleos e lascas resultantes do processo de lascamento. A maior parte dos vestígios é constituída por fragmentos cerâmicos pertencentes aos potes utilizados por grupos ceramistas para preparar e servir alimentos.

As análises dos materiais permitiram uma associação dos materiais aos principais grupos humanos que habitaram o Planalto Meridional do Brasil antes da chegada dos colonizadores, sendo os caçadores-coletores e, posteriormente, os povos Jê Meridional e Guarani, portadores de tradições cerâmicas.

No acervo de peças, além dos instrumentos trabalhados em pedra, chamou atenção dos pesquisadores uma peça de cerâmica de pequeno tamanho, encontrada intacta na escavação, a qual pode ser vista na imagem que acompanha este texto.

Nas palavras do arqueólogo Dr. Jedson Francisco Cerezer, especialista nos estudos que envolvem o material cerâmico “o fato de ter uma peça completa, classificada como miniatura, não permite inferir que de fato se trata de uma miniatura de vasilha, mas sim, ela pode atender a uma necessidade muito específica. O fato de não haver na bibliografia conhecida exemplos descritos, desenhados ou fotografados de vasilhas semelhantes, lança dúvidas sobre a real função desse tipo de objeto. Aqui não é entendido como uma fase de aprendizado, na qual crianças elaboram pequenas peças. Tal afirmação deriva da vasta experiência em trabalhos de arqueologia experimental realizadas por esta equipe, na qual peças de menor tamanho demandam de certa habilidade que uma pessoa inexperiente não consegue executar facilmente”.

Ainda segundo o pesquisador, “segundo as análises e intepretações, trata-se de um utensílio intencionalmente produzido para uma função muito particular, da qual ainda não temos conhecimento”.

Desta forma, as descobertas realizadas por meio da identificação, registro, atividades de escavações, análises laboratoriais e publicações, estão trazendo importantes informações sobre os aspectos culturais dos povos que habitaram esta região no período pré-colonial. No momento, esta pesquisa encontra-se na etapa de elaboração do relatório final, estando todo o acervo de materiais arqueológicos pronto para entrega à instituição de guarda responsável, onde ficará à disposição de pesquisadores e da comunidade em geral.
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