Araranguá, no litoral sul catarinense, é local de estudo arqueológico

Pesquisa em área de futuro empreendimento imobiliário no litoral catarinense
6 de dezembro de 2022
Equipe desenvolve novos estudos arqueológicos na capital do Mato Grosso do Sul
26 de janeiro de 2023

Dois sítios foram identificados durante a pesquisa.

Localizado no sul de Santa Catarina, o Rio Araranguá é um importante curso d’água que tem suas nascentes em áreas de encosta da Serra Geral, sendo na prática formado a partir da junção dos Rios Mãe Luzia e Itoupava, já em terras do município de Araranguá. Em seu percurso de aproximadamente 38 quilômetros, o rio corta áreas rurais e também a área urbana do município, até desaguar no Oceano Atlântico.

De forma natural, ao longo do tempo, a dinâmica hídrica das variações do nível do mar e das cheias do rio foram formando terraços e feições do relevo que serviram, desde tempos remotos, para o assentamento de grupos humanos.

A região é caracterizada pela ocupação de grupos caçadores-coletores, mais para o interior; grupos sambaquieiros ocupando as áreas mais próximas ao litoral; e, também nesta faixa, mas em tempos mais recentes, ocupações associadas aos Guarani.

Desta forma, considerando-se o alto potencial arqueológico da região, bem como, o histórico das pesquisas já realizadas nesta paisagem, uma equipe de pesquisadores da Espaço Arqueologia executou a etapa de Prospecção Arqueológica sobre a área de um empreendimento do setor de mineração, a ser instalado no município de Araranguá.

Durante a pesquisa de campo, os arqueólogos percorreram toda a extensão da área delimitada, utilizando-se da metodologia prevista no projeto, com a execução de linhas de caminhamento sistemático e a escavação de poços-teste para a verificação da superfície e da subsuperfície do terreno, em busca de vestígios arqueológicos.

Como já era de conhecimento da equipe de pesquisa, a área deste estudo conta com a delimitação e registro de um sítio arqueológico pré-colonial denominado SC-ARA-007, identificado no início da década de 2000, composto por manchas de sedimento escurecido e fragmentos cerâmicos, característicos dos modos de vida dos grupos Guarani que habitaram a região. No intuito de atualizar o cadastro do sítio, e apresentar informações detalhadas ao IPHAN sobre seu estado de conservação e situação em relação ao empreendimento, a equipe realizou uma nova delimitação de suas áreas de influência, com a aplicação de malhas de poços-teste, definição de poligonal com uso de GPS e drone.

Na sequência dos trabalhos, os pesquisadores encontraram um outro local contendo um significativo conjunto de fragmentos cerâmicos, de diversos tamanhos, formas e decorações dispersos sobre a superfície do solo, indicando um espaço de ocupação pretérita. Logo, conclui-se que se tratava de um sítio arqueológico inédito, também composto por cerâmica Guarani. Da mesma forma, os pesquisadores realizaram os procedimentos de registro e delimitação deste sítio arqueológico, de modo que as informações extraídas pudessem subsidiar o preenchimento da ficha de cadastro para registro do sítio junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

No âmbito de realização dos estudos arqueológicos, também foram realizadas ações de divulgação da pesquisa junto aos moradores sediados nas áreas próximas ao empreendimento, conforme previsto no projeto. Nestas atividades foram prestadas informações sobre a arqueologia de modo geral, sobre a necessidade de realização desta pesquisa, assim como, foram prestadas informações sobre os sítios arqueológicos existentes na região, os quais são protegidos por lei. Nestas ações foram distribuídos materiais didático-informativos com conteúdos relacionados as etapas da pesquisa arqueológica no âmbito dos processos de licenciamento ambiental e sobre o processo de ocupação humana do litoral catarinense.

Conforme destaca o arqueólogo Alessandro De Bona Mello, um dos responsáveis pela pesquisa: “Esta área foi objeto de estudos há menos de 10 anos, por outras equipes, contudo, os resultados que obtivemos demonstram que, além de investigar novas áreas, também é importante revisitar aquelas pesquisadas anos atrás, em diferentes contextos.

Valdir Schwengber, coordenador geral da pesquisa acrescenta que “Os estudos realizados sobre os sítios arqueológicos nesta região, assim como, as atividades de socialização da pesquisa junto à comunidade local, trazem resultados muito positivos, pois, despertam o interesse pelo tema, bem como, contribuem para a preservação do patrimônio arqueológico”.
SOLICITE ORÇAMENTO