Pesquisas arqueológicas no litoral paranaense

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Conheça fragmentos da história da baía de Paranaguá

Dentro do cenário do patrimônio arqueológico e histórico, a baía de Paranaguá ocupa lugar de destaque, com registros de sítios pré-coloniais e sítios do período posterior à chegada dos europeus. Devido à sua configuração geográfica e abundância de recursos naturais, este ambiente litorâneo, desde tempos remotos, serviu de atrativo para grupos humanos.

Os primeiros que se estabeleceram e, por consequência, deixaram vestígios na região são conhecidos na bibliografia como sambaquieiros, construtores dos sambaquis ou “casqueiros”, como são popularmente conhecidos esses sítios arqueológicos nesta região.

Grupos ceramistas também tiveram sua presença marcada, fato comprovado pelos sítios cerâmicos e descrições deixadas pelos viajantes que estiveram na região, como é o caso do alemão Hans Staden. Em 1556, o aventureiro deixou escritos sobre o episódio em que seu navio, que deveria seguir ao "La Plata", enfrentou uma tempestade sendo lançado na entrada da baía de Paranaguá. As características naturais da baía serviram, desde os primeiros tempos da conquista europeia, como porto para as embarcações que seguiam em direção ao Rio da Prata, ao sul.

Na época, a procura pelo ouro atraiu os primeiros exploradores para a região. No entanto, por ser de aluvião e pouco abundante, não ofereceu suporte para o estabelecimento de um “ciclo aurífero”, como aquele de Minas Gerais. Sendo assim, o metal não impulsionou o desenvolvimento socioeconômico da região litorânea do Paraná. Pelo contrário, entre os séculos XVI e XVII, o litoral paranaense permaneceu praticamente abandonado, assim como todo o restante do litoral meridional.

O povoado se torna vila em 1648, passando a se chamar Vila de Nossa Senhora do Rocio de Paranaguá. Em 1660 passa a capitania, e a cidade em 05 de fevereiro de 1842. Ao ser criada a Província do Paraná, também foi criada a Capitania dos Portos do Paraná, que passou a funcionar em 13 de fevereiro de 1854.

Fato marcante para Paranaguá foi a visita de D. Pedro II, em 1880, para o lançamento da pedra fundamental do edifício da Estação Ferroviária. A estrada de ferro foi construída tão rápido que já em 02 de fevereiro de 1885 era inaugurada. Em 1935 Paranaguá ganhou o porto Dom Pedro II, que mudou o perfil econômico da região, sendo considerado o segundo maior em volume de exportações e o primeiro da América Latina em movimentação de grãos.

Essa dinâmica ocupação do território por sucessivos grupos humanos ao longo do tempo, em diferentes contextos históricos, deixou testemunhos materiais no espaço. Sambaquis, sítios arqueológicos cerâmicos e edificações históricas, como a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres de Paranaguá, situada na ilha do Mel e inaugurada no ano de 1767, ainda no período do Brasil Colonial, são alguns exemplos.

Diante do alto potencial arqueológico tanto para sítios pré-coloniais, como históricos, uma equipe de arqueólogos executou a avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico. Prevista na Instrução Normativa do IPHAN nº 001/2015, a pesquisa aconteceu sobre uma área prevista para a construção do Porto Guará. Paralelamente, a investigação também chegou aos acessos rodoviários e ferroviário do novo porto.

Nessa etapa, o principal objetivo é avaliar as áreas próximas ao empreendimento, por meio de pesquisas bibliográficas e levantamentos de campo, compostos por linhas de caminhamentos para as verificações de superfície e a escavação de poços-teste para as verificações da subsuperfície do terreno. Todos esses procedimentos foram registrados em fotografias digitais e escritos das informações sobre os aspectos da paisagem e do ambiente encontrado. Como resultado da pesquisa, nenhum vestígio arqueológico foi identificado.

Ações de esclarecimento e divulgação do estudo junto aos moradores sediados nas áreas mais próximas aos empreendimentos complementaram as atividades. Nestas, foram prestados esclarecimentos sobre a necessidade de realizar pesquisas arqueológicas dentro dos programas de licenciamento ambiental e enfatizado a importância da investigação para a geração de conhecimento e preservação do Patrimônio Arqueológico. Os participantes receberam materiais didático-informativos, compostos por conteúdos descrevendo as etapas da pesquisa arqueológica.
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